Tomorrowland: O retrato de um futuro não tão distante
O futuro sempre foi um assunto intrigante para os seres humanos, desde os tempos primórdios. Com a evolução, os ancestrais dos primeiros humanos precisaram prever e se planejar para eventos que ocorreriam no futuro, como secas, escassez de alimentos e outros fenômenos que poderiam afetar diretamente a sobrevivência da população. Além dessa necessidade de prever o futuro, que ainda intriga intelectuais, o tema também foi palco de diversas obras literárias e fílmicas que buscam desvendar o amanhã — que, de alguma forma, nunca chega ou, ao menos, sabemos que já chegou. Um exemplo disso é o filme Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível, que tenta retratar um futuro não tão distante.
Inicialmente chamado de 1952, Tomorrowland é nomeado por conta de um dos parques da Disney com temática futurista. O filme é estrelado por George Clooney, Britt Robertson, Raffey Cassidy e Hugh Laurie em comemoração ao 90º aniversário dos estúdios Disney.
*Alerta de Spoiler*
Na feira mundial de 1964, o jovem prodígio Frank Walker participa de uma convenção para jovens inventores, no qual ele mostra seu ambicioso projeto: um primeiro protótipo de uma mochila a jato. Lá, ele conhece Athena, uma misteriosa garota que acompanha os inventores sêniores nas avaliações de jovens talentos; ela dá a Frank um pin que na verdade, é uma passagem para um mundo futurista chamado Tomorrowland, onde segundo seus habitantes, é um mundo repleto de esperança e sonhos, onde nada é impossível.
No entanto, depois que Frank é expulso de Tomorrowland, Athena retorna ao presente para encontrar uma jovem chamada Casey Newton, filha de um prodigioso engenheiro da NASA que acaba de perder o emprego. Agora juntas, as duas enfrentam uma missão: reencontrar Frank e encontrar novos sonhadores que possam salvar o futuro.
Os primeiros projetos de desenvolvimento para o filme Tomorrowland tiveram início em 2010, quando o roteirista e produtor estadunidense Damon Lindeolf propôs que o estúdio realizasse um novo filme de ficção científica moderno, já que na época, a Disney contava com os títulos Tron (1982), Planeta do Tesouro (2002) e WALL-E (2008) como representantes do gênero. Mas no ano de 2011, Lindeolf foi contratado para escrever o novo filme de ficção científica moderno da Disney completamente em formato live-action, apresentando originalmente o projeto de Tomorrowland com o nome de 1952, e o roteirista chegou a propor a Jeff Jensen, responsável pelo material da série de sucesso Lost (2010) de Lindeolf, a realizar em parceria com ele, uma pesquisa sobre o fascínio do visionário animador Walt Disney pela vanguarda do futurismo.
Durante a pesquisa, a equipe definiu que o ponto inicial e central do filme seria a Feira Mundial de Nova York do ano de 1964, juntando-o com o conceito não realizado da Comunidade de Protótipos Experimentais do Amanhã (a EPCOT) pela Disney. Pouco tempo depois, Brad Bird (Os Incríveis) foi cotado como diretor para dirigir o filme que ele também escrevia junto com Lindeolf, já que o mesmo havia recusado a dirigir Star Wars: Episódio VII para se concentrar totalmente em Tomorrowland. Apesar disso, a Disney havia sofrido um pequeno contratempo depois do lançamento do filme, isso porque a empresa holandesa ID&T havia registrado o nome Tomorrowland para seu festival de música eletrônica, que acontece desde 2005 na Bélgica, o que fez o estúdio quase centenário a mudar o nome de sua nova ‘’marca registrada’’ para TomorrowWorld para evitar problemas de plágio e direitos autorais com a empresa de entretenimento.
Em 2015, com o lançamento oficial do filme nos cinemas mundiais, o chefe de distribuição fez o seguinte comentário:
‘’ Tomorrowland é um filme original e isso é mais um desafio neste mercado. Sentimos que é incrivelmente importante para nós, como empresa e como indústria, continuar contando histórias originais.”
A trama do filme ainda traz em sua narrativa temas curiosos, isso porque o retrato futurista do roteiro remete muito aos pensamentos que Walt Disney nutria sobre futurismo, ou seja, pensamentos mais utópicos, voltados para uma fantasia repleta de sonhos e esperança, especialmente por conta de um dos pontos mais marcantes do filme ser a procura de Athena, Casey e Frank por novos sonhadores capazes de mudar o futuro, na tentativa de trazer um futuro melhor para seus habitantes.
Com uma abordagem futurista, o longa-metragem também aborda eventos reais, como desastres naturais, catástrofes nucleares, guerras e outros problemas que podem comprometer o futuro do nosso mundo. Esse contexto torna o futuro um dos temas mais intrigantes para a humanidade, pois, além da necessidade de planejar para sobreviver, o ser humano carrega características milenares, como o medo do desconhecido, a pressão cultural e social, e a busca por segurança e estabilidade. Além disso, as aspirações e objetivos individuais intensificam essa preocupação. Em Tomorrowland, essa reflexão é canalizada em uma mensagem inspiradora: o futuro está em nossas mãos, e a busca incessante por sonhadores capazes de acreditar em um mundo melhor é a chave para um futuro promissor.
Embora tenha gerado opiniões mistas entre críticos e espectadores, Tomorrowland busca capturar a visão futurista de Walt Disney sobre um futuro grandioso que ainda está por vir. Ao mesmo tempo, o filme traz uma reflexão mais realista sobre como nossas escolhas atuais podem moldar o amanhã. Ele alerta para os desafios que enfrentamos, como a necessidade urgente de preservar o planeta e combater os impactos das mudanças climáticas e desastres naturais que já afetam diversas regiões do mundo. Além disso, destaca as consequências de uma sociedade marcada por conflitos e violência crescente. Tomorrowland nos apresenta um futuro que, embora não tão distante, depende diretamente das decisões que tomamos hoje. A obra nos convida a refletir: o futuro será melhor ou pior? A resposta, sem dúvida, está em nossas mãos.
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