Festival Eurovision: Curiosidades Surpreendentes sobre o evento
Apesar de o cenário musical brasileiro ser reconhecido mundialmente pelo seu estilo vibrante e contagiante, o país também se tornou um dos principais centros de festivais de música nacionais e vira até mesmo palco para turnês de artistas internacionais, porém, diversas dúvidas surgem a respeito de um dos festivais de música mais prestigiados e famosos do mundo: o Festival Eurovision da Canção. Se o Brasil tem um cenário musical que é reconhecido no mundo todo, será que o país sul-americano pode participar do maior festival de música da Europa?
O que é o Festival Eurovision da Canção?
O Eurovision, também conhecido pelos nomes internacionais Eurovision Song Contest, Festival Eurovisão da Canção e diversos outros, é o maior festival de música que ocorre anualmente na Europa. O festival de música foi criado especificamente para promover a união cultural dos países europeus logo depois da Segunda Guerra Mundial, sob um conceito de reconstrução e cooperação internacional.
Com o continente europeu devastado pela guerra, os países, em especial os destruídos pela guerra, buscavam formas de acabar com os sentimentos a favor da guerra e restaurar os sentimentos de harmonia e paz, e logo, a resposta foi encontrada por meio da música, indústria em auge juntamente com o cinema. Logo, essa necessidade de unir diferentes nações para um bem em comum, foi a chave para a criação do que seria um dos festivais mais prestigiados e ovacionados no mundo todo.
Assim, a música passou a ser vista no mundo todo como uma ferramenta capaz de romper as barreiras linguísticas, idiomáticas e até mesmo políticas para promover o respeito e entendimento mútuo entre as diversas nações do continente europeu.
O Festival Eurovision foi fundado oficialmente em 1955 pela EBU, a União de Radiofusão Europeia, uma organização que reunia emissoras de rádio e TV (entretenimento) para os países da Europa. Quando a ideia foi discutida na EBU, no entanto, a organização buscava na verdade, um meio de estabelecer um evento que não apenas promovesse a música, mas também um sentimento de união e colaboração mútua entre todas as nações, ainda no cenário pós-guerra. Por trás desta ideia estava Maurice Ravel, que visava criar um festival pan-europeu, o que significava que o festival poderia ultrapassar as fronteiras da Europa, se espalhando por outros países.
Posteriormente, o conceito do festival havia sido lançado: o festival seria uma competição anual, onde cada país seria representado apenas por uma única música durante todo o torneio. Até hoje, esse conceito é utilizado pelo Festival Eurovision, mantendo a tradição da competição musical.
A primeira edição do festival ocorreu ainda na década de 1950, no ano de 1956, em Lugano, na Suíça. Inicialmente, apenas sete países participaram da primeira competição, mas com o passar dos anos, mais países se juntariam ao evento. Até hoje, novos países visam integrar o Eurovision.
Quantos países participam do festival?
Atualmente, o número de participantes da competição fica entre 40 e 45 nações distintas, unindo diversos artistas em todo o mundo, mas nem todos participam da competição todos os anos. A diversidade cultural apresentada no festival no decorrer dos anos fez com que o Eurovision deixasse de ser um festival inteiramente europeu e também alcançasse outras regiões além das fronteiras da Europa, como o Cáucaso (Geórgia, Armênia e Azerbaijão), Israel e Austrália, o país mais recente a integrar a competição, participando desde 2015.
Popularidade
Com o passar do tempo, o festival foi ganhando popularidade mundial. A repercussão foi tanta que até mesmo uma proposta de fazer uma espécie de ‘’Festival Eurovision das Américas’’ chamada Eurovision Contest Song America. A proposta constituiria em realizar uma competição musical nos mesmos esquemas do Eurovision com os países das três Américas. No entanto, apesar das discussões geradas pela possibilidade de um festival de música pan-americano, o projeto nunca foi realizado.
Além do formato tradicional, em 2003, uma versão do Festival Eurovision voltada para o público infantil foi criada, chamada de Junior Eurovision Song Contest. Nele, crianças com idades de 9 a 14 anos competem com canções originais representando seus países. Inspirado no sucesso do Eurovision, o Junior Eurovision se tornou uma plataforma importante para a descoberta de novos talentos e para a promoção da música jovem. Artistas como Valentina Monetta, Anastasia Petryk, Vânia, Ralf Mackenbach e outros começaram suas carreiras participando do Junior Eurovision e voltaram a competir no Festival Eurovision já adultos.
O impacto global do Eurovision também atingiu a Ásia em 2004, e uma competição musical chamada Asia Song Festival começou com sede na Coreia do Sul e desde então, o país é a principal sede do torneio. O evento reúne artistas de vários países da Ásia para performances ao vivo, destacando a cultura musical do continente, tendo grande visibilidade em toda a região. Apesar disso, ele não segue os mesmos formatos do Eurovision.
A Votação
Primeiramente, antes de integrar a competição, cada país seleciona artistas em competições nacionais locais para competir na Grande Final, que garante ao artista vencedor o direito de representar seu país durante o festival. Os países passam por duas fases de votação para divulgar seus resultados.
A primeira fase é a votação por meio do júri, onde cada país seleciona e envia um júri nacional (geralmente composto de até 5 membros do setor musical) para votar nas performances, assumindo total responsabilidade. Os requisitos para ser membro do júri incluem: ser um (a) profissional da música (produtores, músicos, compositores) ou ser um outro especialista da indústria musical. Depois de selecionados, o júri se une para avaliar os cinco critérios principais das apresentações, tendo como base critérios artísticos e técnicos: qualidade vocal do artista, composição musical, performances cênica e vocal ao vivo e originalidade e criatividade.
A segunda e última etapa é aberta ao público, chamada de televoto. Nela, o público de cada país ganha a oportunidade de votar nas canções que estão concorrendo na competição, sendo que o voto pode ser feito via SMS, telefone ou aplicativos (depende muito da edição). Essa etapa, apesar de permitir que os fãs votem em suas canções e artistas preferidos, não permite que o público vote na canção de seu próprio país, ou seja, se você é um cidadão da Alemanha, você não poderá votar na Alemanha, mas poderá votar nos outros países que estão competindo.
Ao todo, o Eurovision tem duas semifinais antes da Grande Final, cada uma contando com um número que varia entre 15 e 20 países, dependendo da quantidade de países participantes. Os países das semifinais são definidos por meio de um sorteio que acontece antes do início da competição musical. No entanto, apenas 10 países que participam das duas semifinais são classificados para avançar para a final, dependendo dos resultados da votação do público e do júri.
Na Grande Final, a mais importante do evento, 26 países concorrem juntamente com os Big 5, países que não participam das semifinais (França, Espanha, Reino Unido, Alemanha e Itália), isso porque eles estão automaticamente na Grande Final por serem os maiores contribuintes financeiros do festival. Além dos Big 5, o país anfitrião que sedia o Festival também está automaticamente na Grande Final, não precisando disputar as semifinais.
O número de pontos para a votação tanto do júri quanto do público varia da seguinte forma: são 12 pontos para a canção preferida, 10 para a segunda preferida, 8 para a terceira e a partir da quarta posição até a décima, apenas 1 ponto. A grande revelação da votação do júri é feita em formato ao vivo, o que faz com que os telespectadores acompanhem os resultados. Um apresentador nacional é escolhido e anuncia os resultados da pontuação em ordem decrescente, aumentando o suspense do público.
Porém, o público, diferente do júri, só pode votar em até 3 canções e países.
Assim, depois que a votação e revelação do júri é feita, a votação do público também é televisionada, mas divulgada em ordem crescente. Caso haja empate, o país com a maior pontuação do júri é classificado. O país com o maior resultado é declarado o vencedor e ganha o direito de sediar o Eurovision na edição seguinte, além de também ganhar o Troféu Eurovision, que representa o microfone de cristal, símbolo histórico do evento. O símbolo do troféu tem sua inspiração na tradição do rádio e a importância do formato ao vivo das competições de canto do evento. O troféu do Festival Eurovision é uma peça única, fabricado exclusivamente para representar o espírito do festival e a história de sua trajetória.
A edição de 2025 do festival vai ocorrer no mês de maio, na cidade de Basileia, na Suíça.
No entanto, apesar da fama, Monaco e San Marino competiram no festival poucas vezes. Monaco competiu apenas em 2006 e desde então, não participou mais do festival; já o caso de San Marino é diferente: o país compete no festival desde 2008, mas ainda não se tornou um país de destaque no evento musical. Há também nações europeias que nunca participaram do festival, como o caso do Kosovo e Liechtenstein; Andorra participou das edições de 2004 a 2009, mas não chegou a alcançar as finais, deixando de participar do evento.
Diversos artistas europeus ganharam fama nacional e mundial depois de participarem do Eurovision, como ABBA, Celine Dion, Loreen, Sertab Erener, Conchita Wurst, Johnny Logan, Il Divo, Helena Paparizou e muitos outros exemplos.
O Brasil pode integrar o Eurovision?
Apesar da presença marcante no mundo da música e o alcance da música americana em diversos prêmios musicais internacionais, o Brasil ainda está um pouco distante de integrar as edições do festival europeu. Para participar, o Brasil teria de ser membro da EBU ou pelo menos ser convidado para integrar a organização, pois o festival busca promover artistas e músicas dos países integrantes da EBU. Isso significa que para o Brasil integrar o Eurovision ou a EBU, teria de haver algumas mudanças na estrutura das regras do festival.
Apesar disso, diversos artistas brasileiros tentaram participar do Festival Eurovision, especialmente tentando ser considerados para representar outros países, mas que nunca participaram oficialmente do torneio, como os casos de Renata Arruda, Marcos Lessa, Aline Lisboa, Fado Bicha, Marisa Liz e Andreia Diaz. Todos os artistas brasileiros mencionados tentaram representar Portugal no evento musical europeu, mas infelizmente, não conseguiram alcançar tal objetivo. Houve até mesmo rumores entre fãs brasileiros e europeus de que Ivete Sangalo poderia representar o Brasil no Eurovision, mas a cantora nunca se envolveu diretamente com o festival mesmo com a projeção internacional e isso nunca se concretizou.
No entanto, em um futuro talvez não muito distante, o Brasil pode ser convidado para participar do Festival Eurovision da Canção por conta da inclusão de países fora da Europa ter sido adotada recentemente, como o caso da Austrália. Contudo isso ainda está distante e depende de mudanças significativas nas diretrizes do evento. Existem pequenas possibilidades de que no futuro, o Eurovision se torne um evento global e inclua mais países.
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