Confira nosso review do filme ‘A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata’
Mais do que um título excêntrico, o romance traz um sopro de esperança mesmo se passando num período tão sombrio.
Por: Raquel Teixeira
Pouquíssimas vezes tive a oportunidade de ser surpreendida positivamente com um drama com quê de romance.
Veja bem, não é que poucas coisas me toquem, não é isso! Mas esse filme conseguiu despertar em mim uma angústia sutil, delicada, que nos tira lágrimas quase que orgânicas, naturais, e logo em seguida, um contentamento genuíno e prazeroso.
Começar uma resenha com elogios pode não parecer lá muito imparcial, mas não haveria outra forma de fazê-lo.
A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata (The Guernsey Literary And Potato Peel Pie Society), baseado na obra literária de Annie Barrows e Mary Ann Shaffer.
Disponibilizado em agosto deste ano na plataforma Netflix, e sob a direção de Mike Newell (Quatro Casamentos e Um Funeral e Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo), o romance, que tem como pano de fundo o período pós Segunda Guerra, nos apresenta a jovem escritora Juliet Ashton, que recebe uma correspondência de uma Sociedade Literária, criada durante o período de ocupação nazista numa ilha no Canal da Mancha. Passando por uma fase de pouco inspiradora, a curiosa jovem decide ir até a ilha para conhecer a excêntrica sociedade e buscar inspiração para criar, sendo instantaneamente envolvida por seus membros, suas histórias de vida, os horrores do Holocausto e laços fraternais que os unem essas pessoas.
O elenco de “A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata” é muito bom, dando destaque é claro, para Lily James (Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo! e Downton Abbey), que nos cativa com facilidade, trazendo o frescor de uma jovem que mesmo em meio a conflitos, segue obstinada. Outra atuação que ao meu ver merece destaque é de Penelope Wilton (Downton Abbey e O Exótico Hotel Marigold), que ilustra muito bem a angústia e a mágoa da prostrada senhora Amelia Maugery.
O que ao meu ver não funciona de forma tão brilhante é o paixão entre os personagens Juliete e Dawsey (Michiel Huisman; de Game of Thrones). Embora acabemos por torcer pelo casal, o romance não parece fluir de forma natural e é nítida a falta de química entre os protagonistas, nos levando a tentar justificar de onde surge tal paixão arrebatadora.
Com seus acertos e deslizes, A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata, é uma história que atrai como romance, mas oferece aos espectadores uma leve e agradável obra de tenacidade e esperança.