Jazz Collection Plus – #8 – Oscar Peterson e Stacey Kent
Nesta edição, você confere uma personalidade do passado e outra com um futuro brilhante pela frente.
Oscar Peterson
Para começar, vamos falar dele, que foi um virtuoso pianista e compositor de jazz com mais de 200 gravações lançadas, sete prêmios Grammy e considerado um dos grandes pianistas de jazz da história. Estou falando de Oscar Emmanuel Peterson, que fez milhares de concertos em todo o mundo em uma carreira de mais de 60 anos na música.
Ele que é de Quebec, no Canadá, nasceu numa família de imigrantes das índias ocidentais. Cresceu em um pequeno bairro predominante negro onde conheceu a cultura do jazz. Com apenas cinco anos, começou a tocar trompete e piano, porém, um terrível surto de tuberculose o impediu de continuar com o instrumento.
Logo, Oscar focou seus esforços no piano, e teve como um de seus primeiros professores o próprio pai, trompetista e pianista amador, assim como a irmã, que o ensinou piano clássico. Com sua formação inicial predominantemente baseada no piano clássico, Peterson também foi cativado pelo jazz tradicional e pelo gênero boogie-woogie, tendo sido chamado de “o bombardeiro marrom do Boogie-Woogie”.
Aos nove anos, Oscar já tocava piano com um grau de controle que impressionava músicos profissionais. E por muitos anos, seus estudos de piano incluíram quatro a seis horas de prática diária. Com 14, ganhou o concurso nacional de música organizado pela Canadian Broadcasting Corporation.
E dali por diante, sua vida começou a mudar. Se tornou pianista profissional, estrelando um programa de rádio semanal e tocando em hotéis e casas de shows. Na adolescência, foi membro da Johnny Holmes Orchestra e mais tarde, partiu com tudo ao boogie-woogie e o swing, nutrindo um carinho especial por Nat King Cole e Teddy Wilson.
Quando atingiu os 20 anos, ele já havia desenvolvido uma reputação como um pianista tecnicamente brilhante e melodicamente inventivo. Nos anos 1950, trabalhou em dupla com o contrabaixista Ray Brown e em seguida, com outras grandes personalidades do meio musical como Sam Jones, Joe Pass, Irving Ashby, Count Basie e Herbie Hancock.
Um pianista de classe que nos deixou em 2007, aos 82 anos, depois de lutar pela vida devido a inúmeros problemas de saúde. Só para complementar. De acordo com uma entrevista no documentário Oscar Peterson: Black + White de 2021, em um táxi a caminho do aeroporto de Montreal, Norman Granz, considerado um dos empresários de maior sucesso na história do jazz, ouviu um programa de rádio transmitido de um clube local.
Ele ficou tão impressionado que disse ao motorista para levá-lo ao clube para que ele pudesse conhecer o pianista. Granz tinha visto Peterson antes disso, todavia ficou desapontado. Em 1949 ele apresentou Peterson em Nova York em um concerto Jazz at the Philharmonic no Carnegie Hall.
Desde então, ele permaneceu gerente de Oscar durante a maior parte de sua carreira. O que se tornou mais do que um relacionamento profissional, pois o músico canadense chegou a elogiar Granz por defender ele e outros músicos de jazz negros no sul dos EUA segregacionista dos anos 1950 e 1960. No documentário Music in the Key of Oscar, Peterson conta como Granz enfrentou um policial sulista armado que queria impedir o trio de usar táxis “somente para brancos”.
Stacey Kent
Saindo de Quebec, vamos para Orange, Nova Jersey, nos Estados Unidos, palco do nascimento de Stacey Kent, uma super cantora de jazz indicada ao Grammy e premiada com o Chevalier da Ordem das Artes e Letras, pelo Ministro da Cultura francês, em 2009. Stacey se formou no Sarah Lawrence College, viajou para a Inglaterra para estudar música na Guildhall School of Music and Drama, em Londres, onde conheceu o saxofonista Jim Tomlinson, com quem se casou em 9 de agosto de 1991.
Já na década de 1990, ela começou sua carreira profissional cantando no Café Bohème no Soho de Londres. Tês anos depois, começou a abrir shows no Ronnie Scott’s Jazz Club em Londres. Em 1995, ela teve uma participação no filme Richard III, estrelado por Ian McKellen, cantando “Come Live with Me and Be My Love”, composta por Trevor Jones.
Seu primeiro álbum foi Close Your Eyes, lançado em 1997, e a partir daí, sua carreira começou a tomar novas proporções. Em 2003, o romancista Kazuo Ishiguro escreveu o encarte do álbum de Kent naquele ano, In Love Again. Os dois acabaram fazendo outras parcerias. Tanto que em 2006, Tomlinson, marido de Kent, e Ishiguro começaram a escrever músicas para ela, que com The Boy Next Door alcançou o status de álbum de ouro na França, em setembro de 2006, sucedido por outros sucessos.
Em 2013, Kent lançou The Changing Lights , um álbum com toque brasileiro, cantando clássicos da bossa nova como How Insensitive de Tom Jobim e novamente colaborando com Tomlinson e Ishiguro. Em 2014, lançou Tenderly , um álbum de standards com Roberto Menescal , um dos fundadores da bossa nova, que ela conheceu no Brasil em 2011, durante a comemoração dos 80 anos do Cristo Redentor.
No mesmo ano, o cantor Marcos Valle a convidou para uma turnê em comemoração aos seus 50 anos de carreira. Eles gravaram um álbum e um DVD ao vivo no clube Birdland, em Nova York e no Blue Note em Tóquio.
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Produção e apresentação: Leandro Massoni
Direção: Cleber Almeida