Elza Soares a “voz do milênio” morre aos 91 anos e deixa álbum inédito
Mundo da música perdeu um dos maiores ícones da cultura brasileira: Elza Soares morreu aos 91 anos na tarde de quinta-feira, 20 de janeiro de 2022.A Rainha do Samba, considerada a “voz do milênio” pela rádio BBC de Londres em 1999, marcou gerações de brasileiros. Transpôs as fronteiras do universo musical, numa carreira que ultrapassou os limites da sonoridade, numa trajetória marcada também pela fome, pela violência doméstica, pela perseguição política, e pelo desprezo no mercado fonográfico. Mas não deixou de cantar até o fim. Dois dias antes de morrer – por causas naturais – gravou um DVD de memórias, segundo o empresário da artista, Pedro Loureiro. Deixou também documentários sobre sua vida e obra, e um disco inédito sobre a crise política brasileira. Tudo com lançamentos previstos para os próximos meses, de acordo com Loureiro. Em março, o DVD com a coletânea de 16 dos maiores sucessos da carreira, gravado no Theatro Municipal de São Paulo. Em agosto, será a vez do álbum sobre os flagelos políticos atuais, que pela vontade de Elza, deve chegar ao público antes das eleições. Filha de lavadeira e de pai operário, Elza Gomes da Conceição foi criada na favela de Moça Bonita, no Rio de Janeiro. Casou-se aos 12 anos, obrigada pelo pai, com Antonio Soares – o Alaúde, o que lhe valeu o sobrenome artístico. Foi mãe aos 13 e aos 15 anos, perdeu dois filhos para a fome e ficou viúva aos 21. Começou a cantar em 1953, em teste de calouros na Rádio Tupi e só parou quando o coração ordenou. Foi alvo de críticas e polêmicas – a maior delas, em 1962, ano em que o Brasil venceu a Copa do Mundo no Chile – quando o jogador Garrincha, craque do Botafogo e destaque da seleção, deixou a família para viver com a cantora. Apesar das dificuldades de locomoção, Elza Soares fez shows nos últimos anos em uma cadeira de rodas. Na agenda, havia compromissos até o segundo semestre de 2022. Repórter:
Bernadete Druzian