Triângulo do Medo: Dica, análise e explicação desse filme incrível
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Você se considera preparado(a) para enfrentar os problemas do dia a dia? Desde os pequenos até mesmo a perda de um ente querido?
Triângulo do Medo: Desestrutura psicológica a partir de uma simples pergunta
“Contém spoiler do filme”
: O cérebro humano é algo incrível, a própria ciência ainda não foi capaz de entender como um todo a complexidade que envolve as ações e reações deste órgão e centro do sistema nervoso.
É bom antes de tudo dizer aqui que não tenho nenhum embasamento técnico para falar de psicologia, mas posso tomar como base algumas experiências vividas por mim, coisas que certamente muitos profissionais da área já estudaram sendo muitas delas explicáveis e outras não. Quem já não passou uma noite de sono num estado de “meio dormindo e meio acordado” passando horas executando uma tarefa como se estivesse realmente vivenciando aquilo? Como se estivéssemos lá, de verdade!
Acordamos como se tivéssemos trabalhado a noite toda, é horrível, o cérebro entra em atividade sem total controle e nos coloca em ações ativas que talvez tenham ficado em evidência em nossos subconscientes. Que viajem não é mesmo?
Bom, como não tenho especialidade na área, consultei uma amiga, a psicóloga Paula Alves, para entender resumidamente o significado disso e irmos ainda mais longe à teoria do filme que abordaremos aqui.
Segundo ela, ao que se trata do sono, para uma boa noite é necessário que nosso ciclo seja completo, onde passamos do estado de vigília para o sono profundo (NREM). Geralmente existem alguns transtornos que interferem nesse ciclo, algo que precisa de mais detalhes para fechar um diagnóstico, mas num geral todos nós quando estamos mais ansiosos ou estressados é comum termos alteração do ciclo do sono, ficando mais tempo na fase do sono REM, em que, a pessoa tem um relaxamento muscular, mas atividades cerebral e dos olhos continuam muito ativos, como se estivesse acordado. Geralmente no início do nosso sono e quando vamos despertar ficamos neste ciclo, nos demais momentos entramos no NREM, sono profundo.
Todo esse embasamento introdutório foi colocado para entendermos um pouco onde nosso cérebro pode nos levar, o que o filme “Triângulo do Medo” nos mostra majestosamente.
Eu detesto spoiler, portanto, vou me policiar para não deixar nenhum aqui, então se você ainda não viu o filme, evite ler os comentários abaixo, pois creio que este post poderá gerar bons comentários de quem já viu o filme, especialmente no sentido de entender melhor o filme. De forma alguma quero subestimar a capacidade de alguém em entender o filme, mas é natural vermos muitas pessoas criticando a produção, falando mal pra valer, mas simplesmente porque não entendeu a proposta do roteiro, mas isso é naturalmente normal, e essa é a ideia de estarmos aqui para discutirmos e compartilharmos entretenimento, não é mesmo?
Em “Triângulo do Medo (Triangle)” o roteirista e diretor Christopher Smith foi longe nesta “viajem” às capacidades do cérebro humano nos apresentando Jess (Melissa George), uma garota que embarca em um veleiro com um grupo de amigos para o alto mar. Durante a viagem ela começa a ter pressentimentos e coisas inexplicáveis começam a acontecer, incluindo uma terrível tempestade elétrica e a aparição de um gigante navio não tripulado.
Até que aqui nada demais, o filme se desenrola de forma a crermos que um psicopata está a bordo, porém, é aí que entra a originalidade deste roteiro sensacional.
Jess começa a ter “Déjà vu” e misteriosamente descobre que tudo o que está acontecendo no navio depende de suas próprias ações.
Esse é um filme do tipo que é extremamente importante atentar-se aos mínimos detalhes, e quando digo “mínimos” são mínimos pra valer. Não considero spoiler dizer que o filme começa no cais do porto com uma simples pergunta, e sim apenas uma dica para você atentar-se aos fatos e motivos ao qual Jess se envolve na trama. Tudo está amarrado e muito bem amarrado, e em minha opinião o roteirista Christopher Smith foi muito feliz em sua proposta e desfecho do roteiro.
É imensamente interessante o ponto de vista dele em mostrar a deturpação psíquica da protagonista numa relação de causa e efeito onde o autocontrole se apresenta desvirtuado e a sensação de culpa a leva a querer mudar o impossível. Parece um pouco confuso, mas é algo bem simples de ser compreendido, basta você deixar de lado o ponto de vista sobre entretenimento e buscar atenta-se para as questões de anseio, descontrole emocional e em especial de culpa enfrentado pela personagem.
Outra boa dica para compreensão do filme é entender dois momentos em que a protagonista pede desculpas ao seu amigo Greg (Michael Dorman), está ali num simples pedido de desculpas a deixa para compreender esse sentimento de culpa enfrentada por Jess.
Aqui ainda é interessante buscar ajuda na psicologia para entendermos melhor esta questão de sentimento de culpa, contando com a ajuda da psicóloga Paula Alves, ela diz que, a relação da perda de alguém pode deixar a pessoa meio “pirada”, se sentindo culpada e querendo reparar, também pode ser só uma forma de viver o luto, dependendo da relação estabelecida com a pessoa e características pessoais. Quando passa mais de um mês e a pessoa só intensifica os sintomas, aí é necessário uma investigação profissional. Geralmente a pessoa pode desenvolver a depressão ou ansiedade patológica.
Um filme interessantíssimo deste ponto de vista e que recomendo, especialmente para você que se interessa por filmes do tipo “cabeça” com roteiros bem elaborados como o bom “The Babadook” que segue a mesma linha de pensamento. E para você que é do universo da psicanálise, psicologia e afins, creio ser um filme essencial.
Reforçando a questão de spoiler, a proposta deste artigo é fomentar o debate, portanto, se você já viu o filme, comente, de suas sugestões, vamos trocar umas ideias sobre “Triângulo do Medo”, agora se você ainda não viu o filme, não leia os comentário e assista que estamos e esperando você aqui no debate.
Cadê os comentários?
Eu ainda não entendi nada sobre esse filme, pra mim não dá sentido nenhum !
Falou, falou e não disse nada com nada.
Esse tipo de filme é um filme que possui camadas de compreensão para vários níveis de culturais diferentes.
Para quem não conhece muito de mitologia vai assistir o filme como se fosse uma obra de ficção científica de LOOPs de acontecimentos.
Quem manja de mitologia grega, o que no filme deixa claro a que se refere vai entender o filme como uma releitura do mito de Sísifo, bem adaptada.
Sim. O mito Sísifo explica bastante coisa sobre o filme e o roteiro.